A morte chega sem avisar. Às vezes avisa. Ignoramos. Achamos que sempre há um pouco mais de tempo antes de tudo se tornar lembrança.
Ela traz de tudo um pouco. Tristeza. Alegria. Revolta. Paz. Lembranças. Homenagens. Flores — aquelas que talvez nunca tenham sido entregues em vida.
Ela é tão incrível que traz até dinheiro para alguns que ficam. Como se isso fosse suficiente para compensar a vida que se foi.
Só o que a morte não traz é tempo.
Tempo para segurar na mão de quem está indo e não deixar partir só. Pra chegar ao pé do ouvido e sussurrar um “eu te amo” que molha o pescoço. Pra cruzar os olhares e deixar que eles digam o que a boca nunca teve coragem. Pra sair de casa e fazer a última despedida, mesmo que ela já tenha cumprido sua missão e voltado sabe lá pra onde.
A morte é uma questão de tempo. E tempo é uma questão de vida.
Portanto, a única certeza que tenho sobre a morte é que pra morrer basta estar vivo, afinal, nunca falei com ela pra saber outras coisas.